É inegável que o futebol tem uma essência cativante que nos encanta e nos transporta. É impressionante a forma como ele afeta o coração e a mente de quem assiste. É nesse contexto que entra a importância do “jogo bonito”, tema deste texto.
Primeiramente, é essencial entender o futebol como entretenimento. É um refúgio, um momento de fuga das complexidades da vida cotidiana, uma forma de as pessoas se afastarem de seus problemas e buscarem alegria e satisfação. Não é à toa que o futebol encontra seu lugar na pirâmide de Maslow – não estritamente ligado à sobrevivência, mas fundamental para muitos.
O futebol é também uma expressão cultural. Varia de país para país, com cada região interpretando o esporte de maneira distinta, seja no estilo de jogo, na celebração das vitórias ou na relação entre a equipe e seus torcedores. Este aspecto cultural muitas vezes determina o que é valorizado dentro e fora do campo.
Aqui, tocamos em outro ponto crucial: o futebol profissional existe para o espectador, não necessariamente para o jogador. Enquanto o esporte amador celebra o prazer do atleta, o profissional é moldado para quem o assiste, seja na arquibancada ou na tela de uma televisão. Há uma frase, atribuída a Nelson Rodrigues, que diz que o futebol é a “coisa mais importante entre as menos importantes”. Tal declaração capta com precisão a magnitude cultural do futebol, especialmente em países como o Brasil.
Embora o futebol possa não ser vital para a sobrevivência, em culturas como a brasileira, ele ocupa um espaço central na vida das pessoas. Sejam as expressões do cotidiano, as notícias nos jornais ou as conversas no bar, o futebol está intrinsecamente entrelaçado no tecido da nossa sociedade.
Aqui no Brasil, o futebol é ainda mais do que isso: é um reflexo da sociedade. No Brasil, existe uma ênfase cultural na vitória. Ser campeão é uma demanda constante, mesmo para equipes que enfrentam adversários financeiramente mais robustos. Isso se reflete na cobertura midiática, nas expectativas dos torcedores e na forma como o esporte é conduzido, desde a persistência de campeonatos estaduais (para que alguns clubes tenham pelo menos um troféu pra disputar) até a irresponsabilidade financeira.
Além disso, o futebol é uma porta de saída para muitos jovens. Em países menos desenvolvidos, o sonho de se tornar jogador de futebol é uma esperança de ascensão social, mesmo que as chances sejam pequenas e os desafios, enormes.
Nesse sentido, em países como o Brasil, é mais comum associar o termo “gênio” a um jogador de futebol do que a acadêmicos ou empresários. Isso destaca o caráter aspiracional em torno do futebol e a admiração pela habilidade e criatividade demonstrada em campo.
E é aqui que encontramos a essência do “jogo bonito”. A beleza reside na capacidade humana de criar, na habilidade de realizar algo inédito, na genialidade de um passe ou drible. A criatividade é intrinsecamente humana, e o futebol é um palco onde essa criatividade se manifesta em sua forma mais pura e emocionante.
Em resumo, o jogo bonito não diz respeito apenas a belos gols ou dribles mágicos. É também uma manifestação da essência da humanidade, da cultura, da aspiração, do sonho, do ídolo. É um espetáculo que celebra o melhor do espírito humano e, ao fazê-lo, nos lembra por que amamos tanto esse esporte.
E você, também defende o jogo bonito?
